Olho. PaulaNogueira |
Em dia de prova, no papel de algoz, tenho
amnésia total.
-Professora, o que significa....
-Não sei.
-Professora, como é mesmo aquele ponto que
você explicou na semana passad...
-Não sei, esqueci.
Os alunos são sempre alunos. E os
professores...
Penso que poderíamos, talvez, escolher a
amnésia que quiséssemos (então não seria mais amnésia). Talvez fosse uma
amnésia arbitrária. Vou inventar agora: arbimnésia. A palavra não tem tanta
importância agora, mas, sim, o que isso poderia significar. Poderíamos esquecer
tudo que desgostamos. Esquecer as decepções e ficar só com as coisas boas. Será
que ainda aprenderíamos algo? Será que esquecendo que sofremos teríamos a
oportunidade de fazer dos nossos encontros, vaidades, momentos de escolha,
decisões melhores e diferentes? Agora já não sei. Poderíamos esquecer as provas
que aceleram o coração ou aquelas notas baixas que nos deixam frustrados, mas
sem garantia de sucesso na nova oportunidade.
Outro dia assisti a um filme que contava
como duas pessoas tentavam esquecer seu passado juntas por não terem tido
sucesso no relacionamento. Só que, adivinha. Acabaram recomeçando a história, mas
dessa vez ele sabia que iria irritar-se com o jeito dela e ela, que iria sentir-se
entediada e presa. Mesmo consciente dos riscos, decidiram pela mesma história.
A arbimnésia seria ótima para os
depressivos, ansiosos e sofredores de todos os tipos. Seria boa para sair do
lugar? Acho que preciso pensar mais sobre isso.
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