quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Quando casar, sara

Grades. PaulaNogueira
Em busca de uma forma perfeita sempre, entrei na dieta também. Só não sabia que seria doloroso e engraçado ao mesmo tempo.

Estava outro dia fazendo uma saladinha, parte dessa outra nova fase. E cortei muito sutilmente um filete de pele do meu dedão - útil dedão. Na hora não doeu e fiquei até apreciando aquele pedaço de mim que ia embora ralo abaixo. Apreciando também o sangue que surgiu aos poucos, tímido. E depois, junto com o ardor que a cebola proporcionou, não parava mais de sair do dedo, irritantemente. A salada até perde um pouco do gosto quando isso acontece.

Minha irmã acompanhava todo o processo e vendo a minha muda angústia  acrescentou: Quando casar, sara. Rimos. Rimos da salada, de um casamento que cura, do pedaço de mim que partia, levando o gosto da salada. E jantamos.

Poema do Dia dos Namorados

Pare. PaulaNogueira
ela era perfeita
era semanticamente
era esteticamente
era pertinente

ela lírica
ela certeira
para o dia certeiro
para comemorar

espalhando gotas sanguíneas
gotas lacrimais
dilacerou-se

rasgada
desentendida
afogada na ignorância
retalhada

presente de namorado
monstrurado
não entendeu o recado

Somos amor e a guerra
Somos a espada e a cura!
Só não sabemos desistir
E quem quer saber?

Sobraram retalhos 
jamais serão unidos 
novamente